A era da repetição

Estamos nos tornando mais previsíveis?

Vivemos em tempos em que tudo parece se repetir. As mesmas expressões faciais estampam selfies idênticas nas redes sociais. Os mesmos filtros ajustam cores e tons, apagando singularidades. As cidades crescem, mas seus prédios se parecem cada vez mais – arranha-céus envidraçados em formatos padronizados. O que antes era um mosaico de estilos e identidades parece se dissolver em uma estética homogênea.

Parte da explicação para esse fenômeno está nos algoritmos. Eles não apenas organizam nosso consumo de informação, mas também nos direcionam para conteúdo que reforçam padrões já estabelecidos. Curtimos aquilo que já conhecemos. Compartilhamos o que nos parece familiar. Os algoritmos, ao maximizarem o engajamento, acabam promovendo fórmulas de sucesso repetidas à exaustão.

O resultado? Uma cultura cada vez mais previsível. Não é à toa que, ao viajarmos para diferentes partes do mundo, encontramos cafés, lojas e experiências incrivelmente semelhantes. O senso de novidade se perde porque estamos todos consumindo as mesmas referências visuais, as mesmas tendências, os mesmos estilos de vida promovidos nas redes sociais.

Essa homogeneização não se limita ao que vemos, mas também ao que pensamos. A personalização extrema da internet cria bolhas que reforçam opiniões, tornando mais difícil o encontro com o contraditório. Se antes a diversidade de pensamentos surgia naturalmente nas interações humanas, hoje os algoritmos filtram o inesperado e entregam apenas o que confirma nossas preferências.

Mas há um lado positivo nisso tudo. Nunca tivemos tanto acesso à informação e ao conhecimento. Se tivermos interesse, podemos usar essa abundância de dados para expandir nossa visão de mundo. O desafio é discernir o que é válido do que é mera desinformação. Checar fontes, questionar certezas e evitar cair na armadilha das fake news é essencial para que essa enxurrada de dados se transforme em aprendizado real.

E nessa busca por conhecimento, os livros – sobretudo os impressos – são aliados fundamentais. Diferentemente do consumo instantâneo e fragmentado das redes sociais, os livros exigem tempo, reflexão e um mergulho profundo nas ideias. São eles que nos ajudam a organizar pensamentos, desenvolver argumentos e sair da superficialidade. Ler um livro impresso é uma experiência sensorial e intelectual que nos desconecta do ritmo frenético das telas e nos aproxima de um aprendizado mais sólido e duradouro.

E aí está a grande oportunidade: a informação certa, quando bem utilizada, pode nos ajudar a desenvolver o pensamento crítico e aguçar nossa criatividade. Em vez de simplesmente absorver conteúdos pré-mastigados, podemos buscar interpretações próprias, tornando-nos mais autênticos e menos previsíveis.

Bora estudar? Afinal, compreender o mundo ao nosso redor com profundidade é a melhor maneira de escapar da mesmice e da superficialidade. E, quem sabe, começar essa jornada folheando um bom livro.

Escrito por Antonio Dalama.

#PerspectivaRotatek - Uma reflexão sobre eventos atuais e do passado, em conexão com a indústria gráfica.


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